O mundo exige fortes emoções, paixões arrebatadores, demonstrações eloquentes dos sentimentos. O choro é considerado uma prova, ou antes disso, um prêmio. As lágrimas, ou como diria Saramago, a manifestação líquida dos sentimentos, são a face mais evidente do que se sente. Mas reconhecer nelas a demonstração cabal da legitimidade da emoção é um grande reducionismo. Eu diria mais, é uma lógica cruel. A vivência dos sentimentos ocorre num espaço abstrato que ultrapassa a função exócrina das glândulas lacrimais ou os limites didáticos da caixa torácica. É tão íntimo, tão pessoal, que pode assumir tantas variedades como são distintas as pouco mais de 6 bilhões de pessoas que andam a circular pelo mundo. Como é cantado em Dom de Iludir, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. É isso.