domingo, 2 de novembro de 2008

Perto do fim



A uma semana do fim de minhas atividades na faculdade, tudo tem sido motivo para evocar o saudosismo, especialmente em relação ao Hospital das Clínicas (da UFG). Andar pelos corredores do hospital traz inúmeras lembranças de um tempo que hoje parece distante, mas bastante nítido na memória.

Lembro-me das impressões iniciais do HC. Achei horrível, intercalando partes velhas e mal-conservadas com outras semi-novas e já em processo de desgaste inexorável, a típica construção que foi somando expansões não comprometidas com um planejamento de crescimento a longo prazo. A disposição das enfermarias ao lado da barulhenta lavanderia, o ambulatório da ginecologia-obstetrícia em um buraco escondido nos fundos do hospital, as escadas com degraus assimétricos, os corredores estreitos. E por falar em corredores, como eu perdi naquele hospital!

Mas bastou o tempo para me transformar de intruso a parte integrante daquele lugar. De repente, já conhecia todos os corredores, todas as passagens quase secretas. E me sentia totalmente à vontade naquele espaço. Passar uma ‘gaso’ no laboratório? Deixa comigo! E lá ia eu satisfeito por saber em qual porta do laboratório deveria bater. Resgatar uma TC? É pra já! E logo estava na salinha da radiologia, importunando algum residente para encontrar o exame necessário.

E dessa forma passei a gostar muito daquele lugar e, muito mais importante, em pouco tempo aprendi que o maior patrimônio do HC é o humano: os professores, os residentes (que na maior parte das vezes são nossos maiores professores) e, principalmente, os pacientes. É com eles que pouco a pouco vamos aprendendo o exercício da medicina. É ali, no hospital-escola, que vamos superando nosso medo em abordar o paciente, vamos aperfeiçoando as habilidades do raciocínio clínico e vamos aprendendo, através do exemplo, como minimizar o sofrimento daqueles que confiam suas vidas a nós.

Reconheço o valor gigantesco que o hospital teve em minha formação e presto uma homenagem justa a um lugar que aprendi a gostar muitíssimo, a ponto de provocar um aperto no peito quando caminho pelos corredores já vazios no final da tarde. Espero que minha ligação ao hospital não se encerre definitivamente, mas mesmo que minha vida tome rumos diferentes, o HC nunca deixará de ocupar um espaço precioso em meu coração. É lugar de tão boas recordações, fonte de tanto aprendizado, onde me sinto seguro. É minha casa, e nada resume tão bem todos esses sentimentos: minha casa.

3 comentários:

Pablo Alcântara disse...

Gustavo, obrigado pela visita. Apareça sempre.

Unknown disse...

Engraçado...já sinto que aquele hospital é minha casa...e ainda tenho três anos pela frente! É fácil passar a achá-lo até mesmo...bonito!

Sassine disse...

grande quintana.
e acho que o HC estará muito presente ainda.